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Ana Maria Gonçalves

Imagem criada com IA

Nasceu em Ibiá, no estado de Minas Gerais, em 1970. Leitora assídua por influência da mãe, ainda na juventude escreveu contos e poemas, mas abandonou a ideia de se dedicar à escrita e decidiu estudar publicidade, área na qual atuou em São Paulo por 13 anos.

Em 2002, abandonou a profissão e foi morar em Itaparica/BA, onde escreveu seu primeiro livro: “Ao lado e à margem do que sentes por mim”. O texto teve circulação restrita, em primorosa edição artesanal, e vendeu praticamente toda a edição de mil exemplares através da divulgação pela internet.

A autora trabalhou durante 5 anos para escrever seu segundo romance: “Um defeito de cor”, lançado em 2006. Foram dois anos de pesquisa, um de escrita e dois de reescrita. A obra conquistou o Prêmio Casa de Las Américas na categoria literatura brasileira, em 2007, sendo considerado por Millôr Fernandes o livro mais importante da literatura brasileira do século XXI.

Um defeito de cor é um livro intenso, e nos faz entender o Brasil e a escravização sem refrescos, a escrita detalhada sobre as revoltas, o abolicionismo que se iniciava em meio aos escravizados, o abandono, as relações, abusos, os assentamentos e o processo de sincretismo religioso a fim de garantir o culto aos orixás, nos faz refletir para além do que já sabemos em diversos livros e relatos.

Defeito de cor era um conceito exigido de liberação racial comum no século XIX. Na época, se configurava a racialidade nas questões positivistas, como se pessoas racializadas, indígenas e negras, pudessem ter na sua constituição biológica algo que fosse um defeito, como pouca inteligência, por exemplo.”

O que nos remete a diversas propagandas de cunho racista na tentativa de clarear a pele, minimizar o defeito de cor, e observamos a felicidade do personagem negro na tentativa de se enquadrar ao padrão da sociedade e enfim…. ser BRANCO!

O livro nos conta sobre a história de Kehinde, uma ex-escravizada africana, idosa, que viveu no Brasil durante a maior parte do século XIX. Ele se inicia com a protagonista retornando à África, após ter sido escravizada e vivido experiências traumáticas no Brasil. Seu propósito principal é a busca de um filho, perdido há décadas.

Ao longo do percurso da viagem, ela reflete sobre sua vida, desde a infância no Reino de Daomé (atual Benim), a captura aos oito anos de idade, tráfico, e escravização na Ilha de Itaparica, Bahia, e como isso resultou em inúmeras violências, a vida como adulta na Bahia, como conseguiu a Carta de alforria e o retorno à África como uma empresária bem-sucedida, vivendo em meio a uma comunidade de ex-escravizados no Brasil, que retornaram ao Benin e à Nigéria.

O romance é uma dramatização da vida de Luísa Mahin, mãe do poeta e advogado abolicionista Luis Gama. O romance descreve vários eventos históricos, inclusive a Revolta dos Malês (1835) e a Sabinada (1837-1838). Apesar do número de menções históricas à Luísa Mahin, ela é frequentemente tratada na história brasileira como uma figura mítica, como reportado em livros recentes que tratam da dimensão racial desse apagamento.

A Lei n.º 13.816, de 24 de abril de 2019, inscreveu o nome de Luísa Mahin no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, depositado no Panteão da Pátria e Liberdade Tancredo Neves, em Brasília.

O romance Um Defeito de Cor inspirou uma mostra que abriu no Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (Muncab), em Salvador em 2023.

E em 2024 inspirou o samba enredo da Portela e desta forma  fez uma belíssima homenagem não somente a história de Kahinde mais a todos os nossos ancestrais que da mesma forma foram trazidos ao Brasil; Com a história na Sapucaí o livro esgotou o estoque no site da Amazon, depois do desfile da escola de samba Portela, no Rio de Janeiro, inspirado pela obra.

A dupla de carnavalescos Antônio Gonzaga e André Rodrigues desenvolveram a canção tema baseada na obra homônima.

“Saravá Kehinde! Teu nome vive!
Teu povo é livre! Teu filho venceu, mulher!
Em cada um nós, derrame seu axé!

Referências:

  1. https://museudeartedorio.org.br/programacao/um-defeito-de-cor/#:~:text=O%20defeito%20de%20cor%20era,como%20pouca%20intelig%C3%AAncia%2C%20por%20exemplo.

    #CONSCIÊNCIANEGRA – QUEM É ANA MARIA GONÇALVES

    https://pt.wikipedia.org/wiki/Um_Defeito_de_Cor

    https://www.correio24horas.com.br/entretenimento/livro-um-defeito-de-cor-tem-estoque-esgotado-apos-desfile-da-portela-0224#:~:text=O%20livro%20Um%20Defeito%20de,tema%20baseada%20na%20obra%20hom%C3%B4nima.

Por Suellen Andrews
Colunista e membro do Instituto 

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