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COMENTÁRIO CRÍTICO SOBRE A TESE DE DOUTORADO DE SUELI CARNEIRO

Imagem criada com IA

A tese de doutorado de Sueli Carneiro discorre sobre a análise dos conceitos de dispositivo e biopoder, tal como formulou Foucault, ao domínio das relações raciais, elencando duas tecnologias de poder, como a do epistemicídio, que, segundo (SILVA e PINHO, 2018), é um mecanismo de apagamento epistemológico de povos secularmente oprimidos que corrobora com o cenário de marginalização social que perpetua até a atualidade, interferindo, dessa forma, na visão de identidade da população afro-brasileira, colocando o negro na posição de Outro-inferior e “o impele à profecia auto-realizadora que referenda os termos da estigmatização, ou o conduz à autonegação ou adesão e submissão aos valores da cultura dominante” (CARNEIRO, 2005, p. 277). A tese é composta por dez capítulos divididos em três partes. A parte 1,”Poder, saber e o subjetivação”, é constituída de quatro capítulos; A parte 2, “Das resistências”, traz depoimentos de quatro testemunhas: Edison Cardoso, Sônia Maria Pereira Nascimento, Fátima Oliveira e Arnaldo Xavier (in memoriam); Na parte 3 “Educação e cuidado de se”, no qual concentra-se o comentário crítico, constitui-se da análise dos resultados obtidos. O apagamento ontológico e epistemológico da população negra na narrativa brasileira se inicia ainda no período colonial. Sabe-se que o racismo científico e religioso iniciado no século XVI foram as linhas auxiliares que possibilitaram a naturalização da escravidão e genocídio de índios e africanos, subordinando-os a uma categoria animalizada e incivilizada (NASCIMENTO, 2003). Por conta disso, é dever dos professores como um todo de não negar nem omitir a narrativa africana na história da humanidade, e sim ofertar diversas narrativas e de empoderamento racial possíveis na sua área, para contribuir com a conquista da memória coletiva e, assim, usar o espaço de sala de aula como um espaço de resistência pois, só existe mudança quando acontece no coletivo. Muitas vezes a escola oferece múltiplas formas de subordinação, de assujeitamento e de negação do Outro como sujeito de conhecimento, impondo lugares sociais distantes da intelectualidade para pessoas negras e marginalizadas, cabendo a elas mesmas tirarem força da autoestima, do reconhecimento da própria capacidade de autonomia, dos exemplos no interior das famílias e dos raros profissionais negros com quem convivem. Desde cedo não tem contato com formas de resistência dentro da escola, já que ela se torna esse lugar de inferiorização do ser. (CARNEIRO, 2005) Assim, é de grande responsabilidade dos docentes lutar contra o epistemicídio e buscarem aperfeiçoar suas técnicas de antirracismo em sala de
aula, assim como de fortalecer a sua própria identidade afro-brasileira para que possam ajudar os seus alunos a encontrarem a identidade deles. REFERÊNCIAS CARNEIRO, Aparecida Sueli; FISCHMANN, Roseli. A construção do outro como não-ser como fundamento do ser. USP, 2005, p.302-322. SILVA, Ariane; PINHO, Camila Maria Santos de. EPISTEMICÍDIO, RACISMO E EDUCAÇÃO: CONSIDERAÇÕES EPISTEMOLÓGICAS A PARTIR DE BOAVENTURA DE SOUSA SANTOS.. In: Anais do Congresso de Pesquisa em Educação: CONPEduc 2018. Anais…Rondonópolis(MT) UFMT, 2018. Disponível em: <https//www.even3.com.br/anais/conpeduc2018/109089-EPISTEMICIDIO-RACISMO-E-EDUCACAO–CONSIDERACOES-EPISTEMOLOGICAS-A-PARTIR-DE-BOAVENTURA-DE-SOUSA-SANTOS>. Acesso em: 26/05/2023 20:59 NASCIMENTO, Abdias. O genocídio do negro brasileiro: processo de um racismo mascarado. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978. ______. Quilombo: vida, problemas e aspirações do negro. Edição fac similar do jornal dirigido por Abdias do Nascimento; apresentação de Abdias do Nascimento e Elisa Larkin Nascimento. São Paulo: Editora 34, 2003.

Isabella Vidal de Almeida
Membro e colunista do Instituto

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