Falar sobre meio ambiente e questão climática é algo fundamental para todos nós. Apesar de não parecer, precisamos ter em mente que a natureza é uma fonte de vida esgotável (caso não respeitada em seus limites) e nós, humanos, somos totalmente dependentes dela para sobrevivermos. A natureza nos oferece diversas possibilidades de vida e também de tecnologia, pois muitos dos materiais utilizados em dispositivos eletrônicos cotidianos, são matérias primas extraídas da natureza.
Quando falamos de justiça climática, também estamos falando sobre os cuidados com a humanidade e, principalmente, sobre a garantia do direito à vida que é atravessado por outros direitos que acabam não sendo acessados. Então, é preciso entender a importância dessa pauta e o quanto a Justiça Climática é sobre direitos humanos, equidade, responsabilidade social e ambiental frente às crises climáticas.
É possível e preferencial pensar em formas de mitigar e prevenir os profundos impactos causados pelos desastres naturais, de forma que a educação seja uma das ferramentas mais que necessárias para que possamos lidar com essas situações e os demais processos vinculados a elas, promovendo a segurança dos que se tornaram vulneráveis. A educação, informação e conhecimento são as bases para a construção de um mundo mais justo e igualitário e isso também passa pela questão climática.
Primeiro, vamos entender alguns pontos. Para diferenciar, existem os fenômenos naturais e os desastres naturais. A natureza passa por inúmeros episódios de fenômenos naturais, como uma chuva mais intensa, terremotos e erupções vulcânicas. Já os desastres naturais acontecem quando esses fenômenos impactam diretamente a sociedade, com perdas de vidas, materiais, ferimentos e demais impactos sociais, sobretudo quando a região envolvida é amplamente habitada. A seguir, veremos o que diz o geógrafo e pesquisador Masato Kobiyama:
Nas últimas décadas, o número de registro de desastres naturais em várias partes do mundo vem aumentando consideravelmente. Isto se deve, principalmente,
ao aumento da população, a ocupação desordenada e ao intenso processo de urbanização e industrialização.[…]. Sendo assim, estes desastres que tanto influenciam as atividades humanas vêm historicamente se intensificando devido ao mau gerenciamento das bacias hidrográficas, especialmente pela falta de planejamento urbano. Além disso, o aquecimento global tem aumentado a frequência e a intensidade das adversidades climáticas, como precipitações extremas, vendavais, granizos entre outros, o que acarreta no aumento da incidência de desastres naturais. (KOBIYAMA, 2006, p. 1 e 2)
Dessa forma, da mesma maneira que a relação entre humanos e natureza acabou por ampliar e até mesmo produzir esses desastres naturais, também podemos criar outras dinâmicas e relações entre sociedade e natureza. Essa mudança de relação tem se tornado cada vez mais urgente e necessária e, novamente, a educação é essencial nesse processo.
Agora que já entendemos melhor o que são os desastres naturais, vamos entender o que é letramento climático. Letramento é a capacidade de entender, analisar, interpretar e compreender um determinado assunto. Trata-se de um processo educacional e pedagógico. Atualmente fala-se muito sobre letramento racial e climático, mas há diversos tipos de letramento, justamente por ter, intrínseco na sua proposta, a pedagogia para oferecer ao outro a capacidade crítica. Quando falamos de letramento climático, é sobre letrar nossa sociedade sobre as pautas climáticas e ambientais, além de tudo que as envolvem.
Essas compreensões nos permitem fazer escolhas mais conscientes não só nas nossas atitudes individuais, mas políticas e coletivas. Segundo Clarissa Gandour: “O letramento climático parte do princípio em que os indivíduos não apenas compreendem os conceitos associados à crise climática, mas também internalizam esses conceitos de forma a adotarem novos comportamentos no dia a dia”.
Quanto à justiça climática, ela versa sobre os direitos humanos e civis, além dos processos de desigualdades presentes em nossa sociedade, que se intensificam ainda mais quando os desastres naturais acontecem, que muitas vezes acontecem em regiões habitadas por alguns grupos sociais já vulnerabilizados. Por exemplo, quando a pobreza é vinculada a outros marcadores sociais, essas desigualdades se aprofundam, inclusive afastando essas pessoas do acesso à cidadania.
Sendo assim, a justiça climática busca oferecer soluções, prevenções, políticas públicas e mitigação aos envolvidos e vitimados pelos desastres ambientais, entendendo que é preciso pensar nos grupos mais marginalizados com mais cuidado e especificação, para que eles de fato sejam amparados em suas necessidades.
O acesso de todas as pessoas aos direitos cidadãos é mais do que necessário para a construção de uma sociedade que respeite a todos, incluindo os animais e a natureza. Para isso, não basta atuar apenas no pós desastre, mas anterior a ele, como forma a prevenir ou mitigar ao máximo os impactos que eles podem promover na sociedade. A educação é uma ferramenta preventiva mais do que essencial, estando presente também em todas as etapas.
Por isso, é fundamental abordar a pauta climática, fornecer o letramento climático e promover a justiça climática. É necessário que as escolas entendam o quanto é crucial realizar esse trabalho, em todas as etapas escolares e também de maneira interdisciplinar, promovendo assim uma sociedade mais saudável, justa e equânime, colaborando para a não extinção da natureza e consequentemente da humanidade.
GANDOUR, Clarissa. É preciso aprofundar o letramento climático na sociedade. FGV – EESP. 23 de set. 2024. Disponível em: https://eesp.fgv.br/noticia/e-preciso-aprofundar-o-letramento-climatico-na-sociedade. Acesso em: 18 de ago. 2025.
ICL NOTICIAS. Por que você precisa entender o que é letramento? ICL Notícias. 5 de set. 2024. Disponível em: https://iclnoticias.com.br/conhecimento/letramento/#:~:text=Letramento%20matem%C3%A1tico,e%20aproxima%C3%A7%C3%A3o%2C%20entre%20outras%20ideias. Acesso em: 18 de ago. 2025.
KOBIYAMA, Masato et al. Prevenção de desastres naturais: conceitos básicos. – 1ª ed. – Curitiba: Organic Trading, 2006.
Thaís Santana
Membro e colunista do Instituto

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