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Movimento Negro no Brasil

O movimento negro no Brasil é um conjunto de ações e iniciativas de luta de pessoas negras por igualdade, respeito e direitos. Essa luta começou desde o período de escravização, quando os africanos foram trazidos para o Brasil como escravizados. Mesmo naquela época, eles já resistiam à escravização, fugindo e criando comunidades livres chamadas quilombos. O mais conhecido é o Quilombo dos Palmares, onde viveu Zumbi, um grande líder negro.

Zumbi foi um grande guerreiro e líder. Ele lutou para proteger o quilombo dos ataques dos portugueses e dos colonos brasileiros. Ele queria que todos os negros fossem livres e que a escravização acabasse. Por muitos anos, ele ajudou a manter o quilombo forte e independente.

Zumbi foi morto em 1695, quando os portugueses conseguiram invadir o quilombo. Mas mesmo depois da sua morte, ele continuou sendo lembrado como um herói. Ele virou um símbolo da luta do povo e do movimento negro

O movimento negro no Brasil vê Zumbi como uma inspiração. Ele representa a coragem e a luta contra o racismo e a escravizacão. Muitos grupos usam a história de Zumbi para lembrar a importância da luta por direitos iguais.

Com o fim da escravização em 1888, muitos esperavam a inserção plena da população negra na sociedade, mas isso não aconteceu. O Estado brasileiro não promoveu políticas de inclusão, deixando os negros à margem da educação, do mercado de trabalho e da política. Diferente do processo de abolição nos Estados Unidos, que aconteceu depois de uma guerra civil em 1865. Quando a guerra acabou o governo dos EUA criou leis e Emendas na Constituição para garantir cidadania e verdadeira liberdade aos negros, como o direito ao voto (mesmo que na prática ainda houvesse, ainda haja, muito racismo e segregação).

 Nesse contexto, o movimento negro moderno começou a se organizar de forma mais estruturada a partir do século XX, especialmente após a década de 1930, com a criação de entidades como a Frente Negra Brasileira (vamos falar mais sobre isso em outro momento?)

Durante a ditadura militar (1964–1985), as discussões raciais foram reprimidas, mas, nos anos 1970 e 1980, o movimento ressurgiu com força, influenciado por movimentos internacionais, como o Panteras Negras nos EUA. A fundação do Movimento Negro Unificado (MNU) em 1978 marcou uma nova fase de organização política e reivindicação por direitos.

O MNU é uma organização brasileira que tem o objetivo de fortalecer a luta anti racista e reduzir as disparidades raciais no país. Sua ações e campanhas ajudaram a pressionar o  governo e a sociedade brasileira a adotar políticas e práticas mais inclusivas e equitativas, influenciando diretamente a formulação de leis e políticas públicas que visam combater o racismo e promover a igualdade racial no Brasil. 

Vale ressaltar que o MNU tem uma importante influência na construção do SUS, especialmente no que diz respeito à promoção da saúde da população negra e à redução das desigualdades raciais no acesso e na qualidade da atenção à saúde. O MNU tem trabalhado para: Denunciar as desigualdades raciais em saúde destacando as disparidades nos indicadores de saúde entre a população negra e a população branca no Brasil; promovendo políticas de saúde equânimes defendendo a implementação de políticas e ações que atendam às necessidades específicas da população negra, como a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, e  fortalecer a participação da população negra no SUS buscando aumentar a participação da população negra nos espaços de decisão e gestão do SUS, garantindo que suas necessidades e demandas sejam ouvidas e atendidas.

Nesse contexto o movimento negro de forma geral teve diversas conquistas importantes, como a criação e a implementação de políticas de ação afirmativa, como as cotas raciais no ensino superior e no serviço público, hoje temos a primeira Escola Afrobrasileira Maria Felipa, com o objetivo de promover educação afrocêntrica para as nossas crianças. Temos o movimento quilombola, que mantem vivas as comunidades e suas tradições. E além de outras Ong’s e instituições, temos o Instituto Letra Preta. O Letra usa a educação, a cultura e a comunicação para valorizar a identidade negra e ajudar na formação de cidadãos conscientes.

Hoje, o movimento continua sendo fundamental na luta contra o racismo estrutural, pelo respeito às religiões de matriz africana, pela valorização da cultura negra e por uma sociedade verdadeiramente democrática e inclusiva.

Referências:

        1.Munanga, Kabengele. Rediscutindo a mestiçagem no Brasil: identidade nacional versus identidade negra. Petrópolis: Vozes, 1999.

(Importante obra sobre identidade negra e racismo no Brasil.

       2. Ribeiro, Djamila. Pequeno Manual Antirracista. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.

(Livro acessível que aborda questões do racismo e da luta do povo negro.)

        3. Nascimento, Abdias do. O Genocídio do Negro Brasileiro. São Paulo: Perspectiva, 2016.

(Clássico sobre o apagamento histórico e social do povo negro no Brasil.)

        4. Schwarcz, Lilia Moritz e Starling, Heloisa Murgel. Brasil: Uma Biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

(Obra extensa que aborda o período da escravidão e pós-abolição.

       5. Hobsbawm, Eric. A Era dos Extremos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

(Contextualiza a abolição e seus efeitos em diferentes países, como os EUA.)

Documentos oficiais como:

  • Constituição dos Estados Unidos (13ª e 14ª emenda)
  • Lei Áurea (Brasil, 1888)

Declarações do Movimento Negro Unificado (MNU)

     6. Araújo, M. V. R. de ., & Teixeira, C. F. de S.. (2022). Concepções de saúde e atuação do Movimento Negro no Brasil em torno de uma política de saúde. Saúde E Sociedade, 31(4), e220246pt. https://doi.org/10.1590/S0104-12902022220246pt

     7. Instituto Letra Preta – site oficial e projetos documentados em portais como Afropress, Geledés e outros veículos de mídia negra.

Por Rafaele Ribeiro
Colunista e membro do Instituto 

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