Fiquei me questionando durante está semana, na verdade em muitos desses dias. Pensando, refletindo em como as notícias, as opiniões e os acontecimentos nos atravessam de infinitas formas…
A dor do outro sempre me incomodou e me fez movimentar em diferentes fases da minha vida. Principalmente por querer ajudar de alguma forma, e tentar mesmo que na maior parte das vezes com apenas 1% para fazer a diferença.
Acredito que dar nome as coisas fazem com que possamos identificar situações de vulnerabilidades, gerar debates funcionais e principalmente buscar soluções através de políticas públicas. Mas mesmo identificando tudo isso como identificamos a necropolítica e o racismo, muitas dessas dores nos atravessaram mais uma vez e nessa semana.
É uma dor de impotência, fragilidade…
E quando mais uma vez, me pergunto, ou melhor nos pergunto:
O que fica quando toda essa violência passa?
Esse texto não é pra todo mundo, ele vem sem muitas explicações bonitas, repletas de estatísticas ou significados de termos, mas com muita força e resistência.
É acreditar que a educação é a base de tudo.
É a Força para continuarmos acreditando, lutando para que a população que resida nas favelas seja vista, para que a população negra tenha seus direitos respeitados.
É a voz da resistência que se recusa a ser silenciada pela violência sejam elas quais forem.
Justiça social se constrói com políticas, com planejamento, com educação, e não com violência.
E o que fica mesmo quando tudo passa, somos nós, a população, o povo negro, a nossa cultura, a ancestralidade e a vontade de mudar mesmo que tenha sido respingado o sangue mais uma vez dos nossos (de todos os lados).
A violência tenta desumanizar e apagar, mas a cultura, a ancestralidade e a coesão do povo são o fundamento que a agressão não consegue destruir. É a prova de que a vida, a história e o valor continuam.
O que fica é a estratégia. Não é apenas a emoção que permanece, mas a convicção racional de que as ferramentas para a mudança são a educação e a política, o oposto exato da violência que se tenta combater.
Reconhecer a necropolítica, o racismo, é reconhecer que os direitos não são iguais para todos, é ter a necessidade de falar sobre, é usar a comunicação, as nossas redes, e nos mantermos juntos.
O que fica é a conexão. A comunicação e o estar junto são a trincheira de resistência, garantindo que a violência não se torne silêncio e que a dor seja transformada em pauta e ação coletiva.
O que fica mais uma vez é a essência inquebrável de um povo e a determinação daqueles que lutam por justiça.
Milena Gabriele
Membro e colunista do Instituto

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