Violência contra mulheres: Enquanto estivermos nas estatísticas, Haverá luta!
Novembro foi marcado pela campanha 21 dias de ativismo pelo fim da violência contra mulheres
Até quando vamos precisar gritar “Nos salvem!”? Discutir incessantemente pela nossa segurança ou liberdade me lembra o quanto a sociedade falta avançar e sinceramente me pergunto se um dia vai, já que a violência contra mulheres, sobretudo negras, continua fazendo parte da realidade entre muitas de nós.
Em 2017 assisti a uma apresentação de slam da Tawane Theodoro em que a poeta recitava: “Em pleno século 21, feminismo não deveria nem existir… É que mulheres não deveriam resistir tanto assim… Você acha que feminismo é exagero? Feminismo é desespero…”.
Cinco anos se passaram, mas esse texto é tão atual quanto os dados dos últimos 12 meses, que mostram que 3,7 milhões de mulheres sofreram violência doméstica e que os casos de feminicídio aumentaram 176%, sendo que, só em 2024, 63,6% eram mulheres negras. Como se esses números não fossem alarmantes o suficiente, mulheres negras correm um risco 1,7 maior de serem assassinadas, pelo simples fato de serem quem são.
A última terça-feira (25) foi marcada pelo Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres, da Organização das Nações Unidas (ONU), e Brasília foi tomada pela Marcha das Mulheres Negras, que reuniu mais de 300 mil pessoas pedindo reparação histórica, o fim da violência e, se eu pudesse resumir, diria: “dignidade e respeito”.
Nós, mulheres negras, precisamos ser fortes, por nós mesmas e por aqueles que dependem da gente. Tudo é mais difícil e ainda somos mais vulneráveis em termos de violência. Isso é tão triste, ainda mais porque, mesmo existindo leis que deveriam nos proteger, milhares de homens nos agridem e saem pela porta da frente das delegacias, enquanto o que sobrou de nós fica desamparadas, humilhadas e psicologicamente instável, tentando recomeçar, sem deixar de pensar que eles vão fazer isso com outras…
Por isso, saímos e lutamos pela segurança das nossas e, quando ouvimos histórias de mulheres que sofrem ou sofreram qualquer tipo de violência, é nosso dever como movimento ajudar. Mesmo que pareça uma luta em vão, cada mulher, sobretudo negra, que se torna sobrevivente é motivo de comemorar por uma batalha vencida, mesmo que a guerra seja muito maior que nós, e sabemos disso. Por isso que, enquanto formos estatística, haverá luta!
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Os dados são do Instituto de Pesquisa DataSenado – Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher, Pesquisa “Quem são as mulheres que o Brasil não protege?”, divulgado pela Câmara dos Deputados e Atlas da Violência 2025, divulgada pelo DACOR.



