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Desde cedo, me vi envolta em criatividade, transformando o mundo ao meu redor com teorias e significados próprios. Mas algo sempre escapava: eu não conseguia encontrar uma razão para gostar do nome que me fora dado. Ao longo dos anos, esse nome foi alvo de apelidos e brincadeiras, e essas experiências moldaram minha personalidade por um tempo. Mas, assim como as águas do rio seguem seu curso, eu também mudei, e os tempos mudaram comigo.
Em um momento de desafio e grande furacão, assim posso dizer, na minha vida, me encontrei sem rumo, acreditando que nada mais fazia sentido. Foi, então, que por curiosidade busquei o significado do meu nome, e encontrei as definições: “a flor que não morreu” e “flor de lírio”. Naquele instante, senti um conforto, pois era um momento crucial na minha vida, em que eu precisava sobreviver a tudo. Recordo-me de minha avó Rosa, que partiu antes mesmo de eu nascer, mas que sempre esteve presente no amor que meu pai nutre por ela. Como disse Conceição Evaristo: “Escrevo porque viver me ultrapassa”. Percebi que, sem saber, meu pai depositou em mim todo aquele amor através de uma única palavra, tornando-me uma extensão desse amor eterno.
Naquela época, descobrir o que meu nome significa me ajudou a encontrar, não apenas o sentido da minha existência, mas também o Amor. O amor que me move é o mesmo que me faz resistir, o mesmo que, como diz Carolina Maria de Jesus, me permite “subir, sem escada, e alcançar as estrelas”. É o amor que me faz sobreviver, que me faz, mesmo quando caio, afirmar com convicção: “eu ainda não morri”. Como bell hooks nos lembra, “o amor é um ato de vontade, tanto uma intenção como uma ação”. Levanto-me e continuo a lutar. E aqui, conheci o Letra, que, nesse espaço acolhedor e de resistência que ressignificou a minha letra, me fez ser, viver e renascer. Viva o Letra Preta, viva o Amor, viva a Resistência, pois, como “a flor que não morreu”, ainda estamos aqui, resistimos!
Por Suyane Lopes
Escritora e membro do Instituto
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