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Carnaval: A cultura é preta; Já o Protagonismo…

Créditos: Foto pública, retirada do site Mundo Negro. 

 

Contar a história do Samba é contar a história do negro no Brasil, o samba surgiu da necessidade deste povo expressar o que vivia; seu passado, sua luta e sua resistência.

E, em um momento histórico que escondia as debilidades e ineficiências da Lei Áurea e traçava a história do Brasil desprezando o negro como braço condutor do desenvolvimento do país, final do século XIX e início do XX, o samba era o espaço-vivo do dizer do negro.

Mas se ele utilizava sua língua para expressar, artisticamente, seu grito contra sua condição social, para as elites das grandes metrópoles, como São Paulo e Rio de Janeiro, apropriavam-se de um gênero genuinamente brasileiro e popular para compor canções racistas, reafirmando a condição do negro de subalternidade perante o branco, concretizando as palavras do filósofo Mihkail Bahktin quando dizia que a classe dominante também utiliza sua língua, entretanto para reforçar o seu poder.

As manifestações culturais produzidas pelos negros, chamadas de batuque, deram origem ao que chamamos hoje de samba. No Estado de São Paulo, os poucos registros que foram encontrados no século XIX, junto às releituras feitas por diversos grupos no século XX formam o resgate do esforço negro em se autoafirmar como cidadão brasileiro em ação de resistência. Entretanto, o samba também carrega outros discursos, que não são os mesmos do resgate da raiz negra.

O chamado embranquecimento do samba foi a estratégia das classes dominantes em usar um gênero popular para reafirmar um discurso racista, mesmo após a abolição. Suas letras são o registro histórico de que, o samba fez parte da resistência das comunidades negras, mas também serviu como reafirmação de sua condição de explorado e ainda se  mantém em suas variadas formas, atualmente a polêmica tem rondado as rainhas e musas das escolas de samba em que a branquitude insiste em ocupar também este lugar mesmo pagando valores altos ocupam o posto que seriam das belas mulheres da comunidade, porém o povo negro notou-se em que mesmo com o privilegio, dinheiro, e fama não chegam ao samba no pé e dedicação daquelas que o posto não deviam nem ser negociado afinal são elas que estão  presente em todos os ensaios, com os sambas na ponta da língua e dedicação, pois demostram amor e respeito ao pavilhão.

O processo de embranquecimento e negociações de camarotes no Carnaval brasileiro que representa uma transformação significativa na essência da festa que historicamente foi uma expressão cultural das classes populares e das comunidades afrodescendentes.

E esse embranquecimento refere-se à gradual perda das características étnicas e populares da festa, à medida que se torna cada vez mais influenciada por padrões estéticos e comportamentais da elite branca. Por outro lado, a “camarotização” diz respeito à criação de espaços segregados e elitizados, onde a cultura popular se torna uma espetacularização para ser comercializada e atender aos interesses de uma minoria privilegiada.

A apropriação da festa popular pela elite branca se dá em diferentes níveis, inicialmente há uma transformação das manifestações culturais tradicionais em espetáculos de entretenimento superficial, voltados para o consumo e o turismo.

 As músicas, danças, e rituais que antes refletiam a identidade e a resistência das comunidades são diluídos em performances padronizadas e estereotipadas, que visam agradar um público heterogêneo e distante das origens populares do Carnaval.

Além disso, a elite branca se apropria do Carnaval por meio da criação de espaços exclusivos e luxuosos, como os camarotes VIPs, onde é possível desfrutar da festa com conforto e segurança, longe das multidões e da diversidade cultural das ruas.

Esses camarotes, muitas vezes patrocinados por grandes empresas e marcas de luxo, tornam-se símbolos de status e poder, onde a entrada é restrita a uma elite financeira e socialmente privilegiada.

 Amam a cultura preta, mas odeiam gente preta[1], colocam o negro para entretenimento mais nunca para estar em lugares de privilégio; Neste ano as escolas de samba vem reforçando de onde vem nossos batuques e cultura e a mangueira se mostrou atenta a esse incômodo com o Samba-Enredo 2025 – À Flor da Terra – No Rio da Negritude Entre Dores e Paixões um trecho resume essa apropriação da elite

“ Meu som, por você criticado
Sempre censurado pela burguesia
Tomou a cidade de assalto
E hoje, no asfalto
A moda é ser cria
Quer imitar meu riscado
Descolorir o cabelo
Bater cabeça no meu terreiro”

 

As agremiações vão mandar o recado e que possamos aprender e repassar quem realmente faz  acontecer e merece o prestígio de se fortalecer e viver a cultura preta!

Referências: 

1. https://www.instagram.com/p/DFyzMJZp7aT/?img_index=4 

2. https://www.ceert.org.br/noticias/100043/carnaval:-luta-pela-identidade-negra-ou-mercantilizaCAo

3. Revista África e Africanidades – Ano 2 – n. 8, fev. 2010 – ISSN 1983-2354 www.africaeafricanidades.com

4. https://www.letras.mus.br/mangueira-rj/samba-enredo-2025-a-flor-da-terra-no-rio-da-negritude-entre-dores-e-paixoes/

 

Por Suellen Andrews
Colunista e membro do Instituto 

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